quinta-feira, 31 de agosto de 2017

20 anos da morte de Lady Di / As últimas horas com Diana

Diana, 1983
Foto de Tim Graham


20 ANOS DA MORTE DE LADY DI

As últimas horas com Diana

Sami Naïr, uma das últimas pessoas a ver a Lady Di viva, recorda a noite que mudou a monarquia britânica




MARC BASSETS
Paris 31 AGO 2017 - 10:45 COT

“Toquei seu rosto. Tinha cara de anjo. E pensei: o anjo da morte. Lindíssima”, recorda uma das últimas pessoas que viram a princesa Diana com vida.
Ela acaba de chegar em condições críticas ao hospital Pitié-Salpêtrière, em Paris, numa ambulância, após sofrer um acidente violentíssimo no túnel da Ponte d’Alma. Tinha 36 anos. Ele era um intelectual de 51 temporariamente envolvido na política e, naquela noite de verão, o mais alto funcionário do Ministério do Interior francês. Em 31 de agosto de 1997, ele estava de plantão quando recebeu um telefonema: tinha havido um acidente, e parecia que uma personalidade estava entre as vítimas.

Sami Naïr manteve silêncio durante anos sobre aquela noite. Seu cargo na época, colaborador do ministro do Interior, Jean-Pierre Chevènement, exigia que fosse discreto sobre aquelas breves horas que motivaram uma gama aloucada de teorias da conspiração. Não era um episódio muito conhecido na trajetória desse ensaísta e colaborador do EL PAÍS.
Mas seu nome aparece em muitos dos relatos sobre as últimas horas de Lady Di. Um turbilhão de nervos, álcool e confusão que terminou com os paparazzi perseguindo o carro em que a princesa de Gales viajava com seu amante, Dodi al-Fayed, um guarda-costas e o motorista, que tinha bebido além da conta. E ele não se esqueceu daquelas horas, em que lhe coube a responsabilidade de dar a resposta do Estado francês a uma crise imprevista e cujos efeitos perduram até hoje.
Em 1981, Diana Spencer, filha de uma velha família aristocrática inglesa, casara-se com o príncipe Charles, herdeiro da Coroa britânica. Ela tinha 20 anos; ele, 32. Foi um casamento infeliz desde o princípio, mas, como escreve sua biógrafa Tina Brown no livro The Diana Chronicles (As Crônicas de Diana), o “foram felizes para sempre” nunca será tão “atraente” quanto o “e tudo deu errado”. Nem para a imprensa, nem para o público em geral. Porque a história da princesa de Gales foi, desde o primeiro minuto, um reality show.
Os protagonistas eram, de um lado, um herdeiro com ares de superioridade e seu clã excessivamente formal, incômodos com os meios de comunicação e a chamada cultura das celebridades, encastelados em tradições e maneiras arcaicas. Do outro, uma mulher que aprendeu muito rápido a lidar com a imprensa, uma mulher pouca formada e que se considerava pouco inteligente, mas que esbanjava inteligência emocional, capacidade de empatia e conexão. Era a “rainha dos corações” e a “princesa do povo”, como a chamou o hábil primeiro-ministro Tony Blair após sua morte.
O casamento fulgurante, de conto de fadas; a posterior degradação da relação; a roupa suja lavada em público; a separação e o divórcio... Na era anterior ao Twitter, ao Instagram e às redes sociais, os tabloides cobriram tudo aquilo, minuto a minuto, dia a dia, durante 16 anos, até a morte trágica, a fria reação da Rainha, o luto de milhões de britânicos e a canonização oficiosa da princesa.
“[Isso] demonstrou que a família real, como instituição, estava desconectada de sua época”, recorda o político trabalhista Denis MacShane, então parlamentar vinculado ao Foreign Office. “Houve uma expressão de dor nunca vista na Inglaterra: não somos um povo emocional”, afirma. “Era algo que parecia tirado da Idade Média. Milhares e milhares de pessoas chorando. Lembro que telefonei para o secretário privado da Rainha e lhe disse: ‘Olha, se ela não vier [Elizabeth IIestava de férias no Castelo de Balmoral, na Escócia] e se a bandeira real não for hasteada a meio mastro, dentro de uma semana teremos uma república.’”
Sami Naïr nunca tinha visto uma foto de Diana quando foi avisado de que algo havia acontecido num túnel perto do rio Sena e que a personalidade envolvida poderia ser a princesa de Gales. Os assuntos da realeza nunca haviam lhe interessado. Despertou Philippe Masoni, chefe da Polícia de Paris. Dez minutos depois, este ligou de volta com a informação confirmada: “É Diana.”
Naïr telefonou para o ministro, que não estava na capital francesa. Naquele momento, Diana, ainda com vida, continuava presa no Mercedes do acidente. Havia dois mortos: Dodi al-Fayed, filho do magnata egípcio Mohammed al-Fayed, e o motorista, Henri Paul. Diana e o guarda-costas do amante, Trevor Rees-Jones, quarto ocupante do veículo, tinham sobrevivido.
Naïr foi até o hospital. A ambulância que transportava Diana levaria quase 45 minutos para chegar. Em frente ao hospital, ele e Chevènement a esperavam. A ambulância chegou entre 1h30 e 1h45 (hora local). Ambos, junto com o chofer e um enfermeiro, a retiraram.
“Ela tinha um rosto angelical”, recorda Naïr pelo telefone. “Muito pálida. Loira.” Eram mais ou menos duas da madrugada, e pouquíssimas pessoas sabiam do acidente. O embaixador britânico, Sir Michael Jay, que não falava uma palavra de francês, também havia chegado ao hospital. O primeiro-ministro francês, Lionel Jospin, foi informado mais tarde. Uma pessoa, o presidente Jacques Chirac, esteve com paradeiro desconhecido durante aquela noite e a manhã seguinte, em outra trama da tragédia de Lady Di. A equipe de Jospin tentou falar com ele várias vezes, sem sucesso. “Nunca conseguimos entrar em contato com o chefe de Estado”, escreve Aquilino Morelle, então assessor de Jospin, no livro L'abdication (A Abdicação). Algumas versões afirmam que passou a noite com uma mulher fora do Palácio do Eliseu.
Enquanto os médicos faziam o possível para salvar a vida da princesa, eles esperavam no quarto ao lado. Às 4h, souberam que ela não resistira.
“O embaixador começou a chorar, chorar, chorar, como uma criança”, diz Sami Naïr. “Ligamos para Jospin, e ele nos pediu que avisássemos a Rainha.”
Naïr se comunicou com o chefe de protocolo da monarca. Tony Blair já estava informado, assim como o presidente dos EUA, Bill Clinton, que telefonara para Jospin inclusive antes da morte de Diana. Eram 4h30 da manhã. O pai de Dodi não demorou a chegar, direto do aeroporto de Le Bourget. Naïr foi o encarregado de recebê-lo. “Vi um homem muito alto, pálido, mas com um porte, uma nobreza, extraordinário. Ele dizia: ‘É o destino, Deus quis isso.’ Perguntou se podia visitá-la. O ministro aceitou. Foi vê-la. Pôs a mão sobre sua testa.”
Naïr preparou com Chevènement o comunicado à imprensa – que ele ainda conserva, assim como outros documentos daquela noite – e continuou no hospital até a chegada do príncipe Charles, ex-marido de Diana.
A morte da princesa tinha deixado de ser um assunto francês. Já era britânico, global. Nas horas seguintes, começariam as manifestações de dor no Reino Unido, uma semana de catarse que provavelmente transformou a monarquia britânica para sempre.
“A morte de Diana foi um sinal de alerta para a realeza: deveria estar mais perto do povo”, diz MacShane. “Fazia parte de um caminho extraordinário no Reino Unido, que provavelmente tenha começado com a chegada ao poder de Margaret Thatcher, com os anos oitenta. O Reino Unido de Dunquerque, do Império, de Winston Churchill, dos comportamentos convencionais, onde os gays eram mandados para a prisão, este Reino Unido morreu muito rápido. Londres se transformou numa cidade mais internacional, mais moderna, mais alegre e mais gay. Passamos do Reino Unido industrial ao financeiro, com enormes diferenças entre ricos e pobres, um país comprometido com a construção europeia, e com um primeiro-ministro trabalhista jovem [Tony Blair] que quase incorporou o mito de Diana em sua própria ideia de país.” Diana, e sua morte, captaram o espírito dos tempos, cuja outra cara, segundo esta leitura, é o Reino Unido ensimesmado do Brexit.
Sami Naïr, que horas antes praticamente nem sabia quem era Diana, compreendeu a dimensão do que acabava de viver. “Imediatamente percebi o alcance do que havia ocorrido. Minha primeira reação foi ficar calado: evitar os jornalistas. Me ofereceram depois muito direito para falar, os norte-americanos sobretudo, mas nunca aceitei”, diz. “Um dia”, sorri, “escreverei um livro com o título Minha Noite com Lady Di.”


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DE OTROS MUNDOS

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Princesa do Povo / 20 anos depois de Diana





20 anos depois de Diana

Os eventos que vão marcar os 20 anos da morte da Princesa Diana.


Por Ângela Mata, 17.01.2017
Este ano fazem precisamente 20 anos desde a morte da Princesa Diana e por isso estão já previstos uma série de eventos e acontecimentos que irão marcar a data. Diana morreu a 31 de agosto de 1997, num acidente de carro em Paris, deixando os filhos William e Harry com, respetivamente 15 e 12 anos de idade.
No Reino Unido vai mesmo passar a haver um feriado em março, como forma de celebrar exatamente aquilo que fez dela uma mulher tão amada no mundo inteiro e que lhe deu o título de ‘Princesa do Povo’. De acordo com o jornal inglês Daily Express, este feriado terá o nome de National Kindness Day.
A organização The Diana Award, criada em 1999, irá também celebrar a vida e obra da princesa com variadíssimos eventos ao longo do ano. Uma das novidades será o Legacy Award, um prémio internacional que servirá para distinguir 20 jovens de sucesso que tenham sido responsáveis por alguma mudança social positiva. Esta cerimónia deverá acontecer em maio. 




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DE OTROS MUNDOS


terça-feira, 29 de agosto de 2017

Gémeas Iglesias são as novas musas do Instagram





Gémeas Iglesias são as novas musas do Instagram



As filhas de Julio Iglesias ainda agora chegaram à rede social e já estão a agitar a Internet.



Em pouco mais de um mês, as filhas de Julio Iglesias e Miranda Rijnsburger já acumulam mais de 20 mil seguidores - e sim, queremos dizer individualmente. As gémeas Victoria e Cristina têm apenas 16 anos mas as suas fotografias e olho para a moda têm potencial para as tornar nos próximos nomes a seguir na rede social.

Todas as suas fotografias mostram ambientes divertidos, viagens e paisagens paradisíacas, mas sucesso repentino de Victoria e Cristina no Instagram foi despoletado por uma fotografia que o pai publicou das duas irmãs – a partir daí, as imagens das duas criaram um verdadeiro fenómeno online






segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Roberto Saviano: “Arruinei minha vida”


Roberto Saviano


Roberto Saviano

“Arruinei minha vida”

O escritor italiano, autor do aclamado livro sobre a máfia 'Gomorra', volta com 'Zero Zero Zero', uma viagem pelo negócio da cocaína de um lado para outro do Atlântico

    Arquivado em:



    O escritor italiano Roberto Saviano. / BERNARDO PÉREZ
    O sonho de qualquer jovem jornalista de garra deve parecer bastante com o perfil de Roberto Saviano: um olhar limpo e um bom olfato para descobrir as histórias, habilidade e simpatia para tratar com as fontes, valentia para se meter no olho do furacão e uma habilidade capaz de converter qualquer reportagem em boa literatura. Se, além disso, com 26 anos se consegue escrever um livro como Gomorra (Bertrand Brasil, 2008), que já teve mais de 10 milhões de exemplares em todo mundo, o sonho parece perfeito. Até que se lê a dedicatória de sua nova obra,Zero Zero Zero, uma viagem de quase 500 páginas pelo negócio da cocaína de um lado para outro do Atlântico que será publicado no Brasil em junho pela Companhia das Letras: “Dedico este livro a todos os policiais da minha escolta. Às 38.000 horas que passamos juntos. E às que ainda teremos que passar. Onde quer que seja”. Esta conversa com Roberto Saviano (Nápoles, 1979) aconteceu no porão de um hotel de Roma. Logicamente, sob o olhar atento de seus guarda-costas.

    Pergunta. Depois que a máfia napolitana o condenou à morte e o obrigou a se enterrar vivo, por que continuou escrevendo sobre os mesmos assuntos?
    Resposta. Gostaria de responder à pergunta com uma frase heroica do tipo: contínuo escrevendo porque creio na verdade, porque não conseguiram me amedrontar, mas me sentiria um pouco ridículo porque dentro de mim isso não é a verdade. Ou melhor, porque a verdadeira resposta é: estou obcecado. Estou obcecado porque uma vez que me encontrei de frente com a história das máfias já não pude, fisicamente inclusive, resistir em segui-la. Sabia que se continuasse escrevendo minha vida iria piorar. Não só pela questão das ameaças, mas porque a maioria das pessoas citadas no livro tentariam me denunciar por difamação. Mas é mais forte do que eu. É uma espécie de vício. Uma mania. Não é o pensamento puro de: é justo lutar pela verdade. Porque estou totalmente convencido de...
    P. De que foi um erro?
    R. Digamos: eu não acho que seja nobre ter destruído minha própria vida e a vida das pessoas ao meu redor para buscar a verdade. De longe, pode parecer nobre: ah, que coisa mais bela. Mas eu, que o fiz, não sinto que seja nobre. E mais, digo pra mim: talvez poderia ter feito o mesmo, com o mesmo compromisso, com a mesma coragem, mas com prudência, sem destruir tudo. Mas fui impetuoso, ambicioso, e arruinei minha vida.
    P. Até esse ponto?
    R. Há que se levar conta que eu não posso dispor de minha vida sem pedir autorização. Nem sair quando quero, nem entrar quando quero, nem encontrar as pessoas que quero sem ter que escondê-las para que não sofram represálias. Eu, às vezes, me pergunto se não terminarei em um hospital psiquiátrico. Sério, mesmo! Eu agora tenho necessidade de remédios para seguir adiante e nunca tinha precisado. Não abuso deles, mas de vez em quando tenho necessidade. E não gosto nada dessa história. Por isso espero que isto termine algum dia.
    P. Valeu a pena então pagar um preço tão alto?
    R. Não. E sei que quando digo isso alguém pode pensar: que covarde. Vale a pena buscar a verdade e vale a pena cavar até o fundo, mas se protegendo. Meu drama interno é: poderia ter feito tudo isto mas sem pôr tudo em risco. Porque, qual é o problema aqui? Se você se coloca um objetivo, a verdade, a denúncia, ou qualquer outra coisa de tua vida, converte-se em um monstro. Um monstro. Porque todas as suas relações humanas e profissionais estão focadas em obter a verdade. Talvez o fim seja nobre, uma coisa generosa, mas tua vida não se converte em generosa. As relações convertem-se em terríveis.
    P. Por quê?
    R. Porque você decidiu sacrificar tudo em nome da verdade. Quando comecei a fazer isso não me dei conta. E no livro digo: não vale a pena, de forma nenhuma, renunciar à própria felicidade por um objetivo que considera superior. Vale a pena fazer o que se deve mas buscando se defender.
    P. Você se propôs a voltar atrás? Escrever sobre outros assuntos?
    R. É difícil. Talvez o tente. Mas o problema verdadeiro é que quando se chega a este ponto de notoriedade, se você volta atrás arrisca a jogar fora tudo o que fez. E aqui surge a voz da ambição: como vou atirar ao mar todo este trabalho, tudo o que consegui? E depois surge outro debate: tudo isso me aprisiona, mas ao mesmo tempo dá sentido a minha vida. Embora também tenha diante de mim o empenho de que não só sou um escritor de crime. Quero fazer literatura.
    P. Em Zero Zero Zero conseguiu.
    R. Sim, acho que sim, meu objetivo é escrever de coisas reais com estilo literário. Foi difícil, porque quando se fala de América Latina daqui se tende a ver só a parte sangrenta, do massacre, como se tudo fosse um grande caos. Eu, por outro lado, tentei demonstrar a ordem mexicana, não a desordem mexicana. A ciência do assunto. Não foi fácil.
    P. Que similitudes há entre o crime organizado no México e na Itália?
    R. Muitíssimas. Mais que entre a Colômbia e a Itália. Porque a estrutura, o gerenciamento do território, é muito parecida. Por isso comecei o livro com uma lição que dá o chefão italiano aos latinos de Nova York. Substancialmente, os adverte: se vocês querem o poder têm que saber que algum dia pagarão por ele. Se alguma vez pensaram que podem ostentar o poder e depois sair livres, estão equivocados. Esta é a filosofia da infelicidade que está na base de todas as organizações.
    P. Por causa do livro regressou a Nápoles depois de muitos anos. Que sensação teve?
    R. No início tinha medo. Tentei inventar qualquer desculpa. Tinha preocupação em não incomodar a cidade, as pessoas, que dissessem chega. Mas encontrei com milhares de jovens felizes de me saudar, pessoas que queriam me tocar e me acariciar, que me apanhavam as mãos e me diziam: “Tranquilo, está aqui”. Foi emocionante. Antes só voltava para ir aos tribunais.
    P. Como encontrou sua cidade?
    R. Pior. A crise a atingiu ainda mais. O sonho do napolitano continua sendo sobreviver e emigrar.
    Todas as palavras de Saviano, mesmo as mais dramáticas sobre sua vida, foram pronunciadas com um sorriso nos lábios.


    domingo, 27 de agosto de 2017

    Kit Harington / “Jon Snow se transformou em um político nesta temporada”




    Kit Harington: “Jon Snow se transformou em um político nesta temporada”

    Personagem de Game of Thrones ganha mais relevância a dois capítulos do final da sétima temporada




    ROCÍO AYUSO
    Los Angeles 15 AGO 2017 - 12:56 COT


    Da mesma forma que Jon Snow é um herói à força, qualquer um que encontre Kit Harington, o ator que o encarna, um dos mais populares personagens de Game of Thrones – e um dos mais bem pagos da televisão, cerca de 1,4 milhão de dólares (mais de 4 milhões de reais) por episódio – diria que se viu forçado a ser uma estrela. Se for isso mesmo, ele se sai muito bem porque nunca perde o sorriso, não importa quantas entrevistas, adulações ou seguidoras encontra em seu caminho. “Foi algo único. Sem ter feito cinema ou televisão, estar no centro deste fenômeno cultural tão louco e desproporcionado em que vivi meus vinte anos, quase uma década de minha vida, é algo impossível de explicar”, comenta o ator britânico (nascido em Londres em 1986) ao EL PAÍS.
    Procura expressar a gratidão que sente. Especialmente em relação aos colegas de trabalho, que já são parte de sua família. Conheceu Maisie Williams (Arya Stark) e Sophie Turner (Sansa) quando tinham 12 e 13 anos, respectivamente, e as considera suas irmãs. E outros, caídos ou não nesta sangrenta saga, como Alfie Allen (Theon Greyjoy), Richard Madden (Robb Stark), John Bradley (Sam Tarly) e Liam Cunningham (Davos Seaworth), com os quais costuma sair periodicamente para comer. “Um bom vinho com um guisado de carne”, descreve entre suas preferências.
    Mas, junto a esses momentos de camaradagem, estão as preocupações que trazidas pelo sucesso de uma personagem como Jon Snow, capaz de ressuscitar de entre os mortos. “Sobretudo por volta dos 28 me assustei”, comenta agora aos 30. Ainda se lembra da segunda e da terceira temporadas como suas favoritas, sua passagem pela Islândia onde foi feita parte da filmagem. “Mas depois suponho que tenha sido a transição para a vida adulta, e me ver no centro de toda essa fama, em uma viagem que não é normal. Nem mesmo sabia que queria ser ator! E ainda há dias em que penso que quando Game of Thronesterminar, acaba tudo”, confessa. Fala em deixar de atuar, mas soa cheio de dúvidas. Tem muitos planos: está escrevendo um roteiro para um curta, além de uma série para televisão e gostaria de tentar a sorte como produtor e diretor. “Apesar de me sentir pouco à vontade como ator, seria absurdo deixar algo tão bem pago e que não sinto como trabalho”, admite.
    É o mesmo tom com que fala do mundo de Game of Thrones que o cerca, o de ficção e o real. Em sua opinião, uma das razões do enorme sucesso da série é seu paralelismo com a realidade. “O mundo atual é mais maquiavélico do que Game of Thrones”, ri com preocupação. O que começou, no seu entendimento, como uma série escapista para fugir da crise econômica de 2008 se transformou em uma ficção que é superada com folga pela realidade.
    Ocorreram mais mudanças ao longo desse tempo, especialmente nas tramas, mas aí também está o segredo de Jon Snow. “Provavelmente, é o personagem mais estável de toda Game of Thrones e é isso que gosto sobre ele”, comenta. Claro que com o começo do fim marcado por essa sétima temporada, as coisas podem mudar. “Nesse ano Jon Snow se transformou em um político. É um homem com uma missão. Veja, ele também começa a manipular as pessoas. Mas o faz ao estilo de Jon Snow”, diz. Com os dois últimos capítulos da sétima temporada ainda por transmitir, o personagem de Harington voltou a adquirir uma importância monumental para o desenlace da série, mas comentá-lo seria entrar no reino dos spoilers.






    AMOR E SANGUE


    Harington disse desde o primeiro episódio que a única coisa que gostaria de levar de Game of Thrones era sua espada. “Mas depois de todas essas temporadas seu valor deve estar nas centenas de milhares de libras de modo que conseguiria no máximo uma réplica e não é isso que quero”, resmunga o ator. Menos mal que leva uma recordação melhor da série já que foi nela que conheceu sua namorada e, de acordo com os rumores, noiva, a atriz Rose Leslie. Os dois se conheceram quando Leslie interpretou a personagem de Ygritte, ligada romanticamente a Jon Snow. Após quatro anos fugindo do assunto, reconheceram sua relação e agora vivem juntos apesar de recentemente negarem o noivado. Mas como revelou Harington ao EL PAÍS sobre sua próxima viagem à Itália – onde esteve antes para participar da campanha da Dolce & Gabbana e agora leva um projeto cinematográfico nas mãos –, Veneza é sempre um bom lugar para casamentos. “Talvez. Quem sabe?”, desconversa igualmente misterioso.
    EL PAÍS



    DRAGON