domingo, 5 de março de 2017

Edwin Morgan / Morangos


Edwin Morgan
MORANGOS
Tradução de Pedro Calouste

Strawberries by Edwin Morgan

Nunca houve morangos
Como os que tivemos
Naquela tarde quente
Sentados no degrau
Da porta francesa aberta
enfrentando-nos um ao outro
os teus joelhos próximos dos meus
os pratos azuis no colo
os morangos cintilando
na luz tórrida do sol
mergulhamo-los no acúçar
olhando um para o outro
não apressando a festa
para que venha outra
os pratos vazios
expostos sobre a pedra juntos
com os dois garfos cruzados
e eu me aproximei de ti
doce naquele ar
nos meus braços
abandonado como uma criança
da sua boca sedenta
o gosto de morangos
na minha memória
encosta-se de volta
deixa-me amar-te

deixa o sol bater
no nosso esquecimento
uma hora de tudo
o calor intenso
e o relâmpago de verão
nas colinas de Kilpatrick

deixa a tempestade lavar os pratos


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